quinta-feira, 26 de novembro de 2009

1 Do início do fim.

Era um bom anjo. Forte e belo. Possuia uma vontade imensa de viver e dentre os outros anjos que habitavam seu chão se destacava por suas habilidades, sua inteligência e principalmente por sua fidelidade.
Era um anjo extremamente puro. Sua voz era aveludada, não sentia raiva, rancor... Muito menos inveja ou revolta por ocupar tal posição.
Era visto como um exemplo a ser seguido por outros anjos. Tinha dentro de si uma energia que irradiava amor e paz a todos os que o conheciam. Não temia batalhas. Acreditava existir alguém lá fora que olhava por ele e o protegeria de qualquer algura que pudesse vir a desafiá-lo.
Aprendeu que raiva e ódio eram sentimentos humanos, e poderiam levá-lo á coemeter pecados.
Pecados, aí está uma palavra que o fazia pensar muito. O que era um pecado? O que em tal coisa poluiria tanto uma pessoa a ponto de torná-la uma pecadora e, como diziam seus turores: "arder no fogo eterno"?
Fogo pra ele sempre foi algo infensivo. Nada tão destrutivo.
Então o anjo foi se desenvolvendo. Seu corpo ficou mais robusto, seu raciocínio ficou mais rápido e mais desenvolvido. Sabia ele agora que além de sua inteligência teria sua força física pra ajudá-lo a defender aquilo que compreendia ser correto.
Mas o que é pecado? Pq Deus que dizia ser seu pai e pregava que o amava tanto o jogaria em um lugar para fazê-lo sofrer pelo resto da eternidade?
Então certo dia quando estava sentado debaixo de uma árvore pensando sobre sua existência ele viu um ser que cambaleava frente á sua árvore. Notou que o tal indivíduo parecia muito cansado, estava maltrapilho e aparentava ter sede e fome.
O anjo saiu em disparada para ajudar o pobre coitado quando um anjo tutor seu o segurou por uma asa.
"Não ouse encostar a mão nesse rapaz! Ele não é puro"
"Mas está precisando de ajuda! Não somos seres criados para ajudar e defender quem precisa?"
"Mas ele é um pecador. Ele fez coisas terríveis durante a sua vida e merece sofrer por tal"
"Que tipo de coisas? Ele não aparenta nenhuma sujeira além da de suas roupas!"
"Ele foi um grande cientista quando era vivo, criou uma vacina que curou uma doença que estava dizimando várias pessoas em um país pobre!"
"O que há de errado nisso?"
"Ele foi contra a vontade de Deus!"
"Como assim? Ele salvou milhares de vidas!"
"Não importa. Se Deus escolheu que aquelas pessoas deveriam morrer, quem é ele pra duvidar da inteligência de nosso pai?"
"Eu não acredito que ouvi isso! Onde estão os sentimentos de ajuda ao próximo de que aprendi durante toda minha vida?"
Nesse momento o anjo começou a sentir algo diferente. Era um fogo que fazia com que ele ardesse por dentro. Seus punhos se cerraram, sua visão ficou turva e seus dentes rangiam.
"Não importa filho, não podemos ir contra as vontades de Deus"
"Mas pelo menos ajude ele então. Lhe dê pão e água para que sacie suas necessidades mais primas! Nós temos tudo isso em abundância por aqui!"
"Não posso. Esse homem poderia ter vivido a lapavra de Deus e preferiu se dedicar as outras coisas"
"Mas, você está deixando alguém morrer somente pq ele teve uma vida diferente da que vocês exigem? Isso é um absurdo!"
"É a vontade de Deus meu querido"
O anjo parou. Nesse momento sua cabeça entrava em turbilhão de pensamentos que chegaram a deixá-lo tonto. Parecia que toda sua vida havia sido uma peça de teatro. Um faz de conta. As pessoas que ele mais admirava eram... Mosntros... A hipocrisia fazia com que sua pele ardesse de ódio.
"O que acontece se eu ajudar ele?"
"Você estará se tornando impuro. Vai ter que sair do céu e viver a vida com os humanos, longe da presença do amado e eternamente sabio Deus"
"Sábio? Eu não vou aceitar esse crime! Eu não quero viver num lugar hipócrita como esse!"
"Tem certeza filho? Não haverá mais volta"
"Eu quero que se foda esse Deus idiota e bastardo que vocês criaram. Vocês são um grupo de lixo fedorento e hipócrita"
"Cale-se bastardo! Você sofrerá as consequências. Á partir de hoje terá de conviver com sua consciência. Vai ter apenas seu cérebro e seu corpo como defesa. Se você acha que é tão durão vai aprender como o mundo é cruel!"
Então criou-se uma nuvem ao redor do anjo e ele começou uma queda livre sem precedentes a uma velocidade que embrulhava seu estômago.
Acordou. Tudo parecia um sonho. Mas, não era um sonho...
Checou suas hasas. Não havia mais nada lá. Suas roupas brancas haviam sido substituidas por alguns trajes de cor escura.
Não tinha muita certeza de quem ele era. Não haviam lembranças em sua mente. Somente quando ele saiu ao sol e sentiu uma brisa tocar seu rosto que lembrou-se do que havia acontecido lá em cima...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Pessoas idiotas, pessoas felizes.

Vivemos num mundo de lorotas. Essa é a máxima que eu chego cada vez que paro pra pensar em algo, seja ele um fato cotidiano ou alguma coisa parecida com os motivos que tenho pra não me jogar em cima do primeiro caminhão que passar perto de minha residência.
Dizer que "o mundo" é uma lorota na verdade é um erro. O mundo em si não é uma lorota. Apesar de possuir leis que o regem as quais muitas não entedemos e/ou não vimos/sentimos/enxergamos o mundo é real, menos nos livros de auto-ajuda,os quais criam ilusões sobre o mundo pras pessoas mais fracas acharem que podem fazer e conseguir qualquer coisa sem ter que jogar dados com o destino.
Das últimas lorotas que eu li, uma foi que na verdade nosso mundo é uma espécie de ilusão criada por nosso cérebro, e que na verdade nós enxergamos somente o que está inserido em nossa mente (Ok, essa teoria até faz sentido, mas dizer que os índios não viram a nau dos portugueses é um chute nos testículos da ciência).
Seria ótimo se a vida fosse um livro de auto-ajuda. Eu dormiria sozinho e acordaria com a Fernanda Takai dizendo bom dia com aquela voz doce no meu ouvido. Mas o mundo não é um livro de auto-ajuda. Na verdade o mundo é um livro de "mais ou menos ajuda".
Nãpo acredito em destino, destino é algo que deixa qualquer cara com ambição e instinto de liderança com cara de bunda e frustrado. Se em algum lugar, de algum jeito meu futuro já está traçado isso significa que tudo o que eu fizer não é mérito meu e sim a linha do meu destino. Isso é broxante.
A sociedade é uma piada. Batemos palma pruma loira apenas pelo fato de que ela queria mostrar suas partes mais quentes prum colegiado inteiro e não damos a mínima bola pra professores que sobem os morros do Rio de Janeiro todos os dias pra tentar levar conhecimento e cidadania pros menos abastados de chances.
Pagamos preços altíssimos pra assitir 3 irmãos mongóis que cantam musiquinhas de pirralho que quer pregar o amor pro mundo todo assistindo Malhação e tomando Coca-Cola em Shopping Center e não admiramos um álbum do Caetano Veloso, ou pior, sequer sabemos o que foi Tropicália.
Esse texto é "chover no molhado", mas devido ao fato de meu dia ter sido uma merda quero desaguar algo por aqui.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Humano, demasiadamente humano.

Nem sempre acordamos quando o sol bate em nosso rosto. Ás vezes pessoas batem em nosso corpo para nos acordar. Acordar nem sempre é uma boa idéia, ás vezes estamos presos num mundo onde sonhar é a único momento em que podemos expressar todos os nossos reais desejos e vontades.
Ele estava embalado por um sonho angustiante. Foi bom o terem acordado. Aquela moça de vermelho cujo corpo deve ter sido tirado de algum projeto de Da Vinci ou talvez tenha sido inspirado por alguma peça de Vivaldi, não foi gentil em empurrá-lo naquele penhasco. Sua queda foi interrompida por um barulho de porta se abrindo e um sussurro de voz maternal pedindo que o mesmo acordasse.
Está cedo, porém os afazeres do dia já haviam o engolido e um terremoto de vozes faria com que seu dia fosse uma estadia no inferno.
-Ok, já levantei, vou tirar o pijama e em um minuto estou aí!
A manhã era quase fria, nada que uma bermuda e uma camiseta não dessem conta de esquentar.
Saiu para suas primeiras incursões na cidade levemente enxarcada por uma garoa que mais parecia uma pulverização de gotas do que uma chuva de verdade.
- Sim, pode me deixar aqui mesmo!
Retornou a sua casa, vazia devido a ausência das damas da casa que estavam em outra incursão aventureira.
A casa vazia trazia um pouco de paz para ele, nada que um bom rock'n'roll não desse conta de espantar. Hora de tomar banho e se alimentar.
Há tempos não sente aquela fome de animal selvagem que sentia antes, ótimo fato para quem se preocupa com o corpo e a mente (não nas mesmas proporções).
Hora de sua meia jornada de trabalho. Ele gosta de trabalhar.
10 minutos para chegar do trabalho e ir pra faculdade. Escovar os dentes e passar um pouco de perfume nunca foram tarefa tão especial e importante. Ele conseguiu!
Faculdade. Sem aula. Correr pro ônibus. Yeah, ele conseguiu mais uma vez! Está começando a ficar bom em vencer o tempo.
Chegou em casa. Queria muito ir pra casa pois parecia que tinha muita coisa pra fazer. E realmente tinha. Mas ele simplesmente não quis...

domingo, 8 de novembro de 2009

Domingão...

Domingão... Dia de ficar com as pernas pro ar e rezar pro Fantástico não acabar, jogando aquele gosto amargo e cinzento da segunda-feira dentro de nossas mentes. A essa hora ele já deve ter acabado. Lá vem mais uma segunda-feira.
Meu final de semana foi muito bom. Assisti um show espetacular da Banda das Velhas Virgens na sexta feira. O show por si só já é demais, curtir uma noite quente e de céu encoberto ao lado de uma pessoa que eu gosto muito é melhor ainda. Saber que ao invés de estar na sala apresentando um trabalho eu estava fazendo as duas coisas citadas acima quase me causa um orgasmo.
Eu não deveria estar com tanto asco da faculdade. Ou deveria? Ainda me pergunto se realmente as pessoas normais gostam de estudar (normais no sentido de que não valem pessoas com dentes de castor, óculos que são praticamente á prova de tiros e roupas estranhas). Eu gosto de estudar e me considero uma pessoa normal. O que me mina são os 5 anos de UNESC. Sinceramente, cada dia lá já me dá nos nervos.
Entrar pra faculdade foi algo que me pirou meu cabeção. Tive acesso á ótimos livros, redescobri o sabor da cerveja. College Rulez.
Creio que nossa função no mundo seria algo mais que plantar uma árvore, ler um livro e fazer um filho. Talvez esses valores cabiam em uma sociedade que não vivia os colapsos que vivemos hoje. Hoje eu diria que nossas funções seriam: ler e fazer pelo menos duas pessoas criarem o hábito da leitura, criar e disseminar de forma democrática os conhecimentos que adquirimos na formação (quando ela existe) e os que adquirimos com o nosso cotidiano, adotar um filho e lutar pelo verde (legalizar a maconha não entra nessa luta, esse verde é diferente).
Vivemos num mundo de pessoas pré-formatadas, com uma massa cinzenta que está ficando cada vez mais atrofiada e parece que o nível de calamidade já está tão alto que as pessoas não se dão mais conta do monte de lixo no qual estão mergulhadas.
Ok, eu não sou um cara politicamente correto, na verdade o "politicamente correto" deveria ser substituído por "parcialmente adestrado" ou então pelo "superficialmente feliz".
O que falta na mente de muitas pessoas é uma palavra chamada "consciencia", e isso não significa uma voz dizendo que você é um merda e que faz tudo errado (ok, no meu caso sim), mas sim o fato de você fazer algo querendo fazê-lo, sabendo o motivo e a razão de estar o fazendo.
Porra, e eu ia escrever somente sobre o show das Velhas Virgens.Acho que estou fazendo o número 2 na minha função na terra. That's good man.