Somente 2 sentimentos são verdadeiramente humanos, ou seja, nascem conosco e se desenvolvem com naturalidade desde que nascemos: amor e raiva.
Cheguei a essa conclusão hoje, pensando mais uma vez sobre minha vida e tentando manter os punhos relaxados devido ao maldito sentimento que insiste em tomar meus pensamentos. "Raiva do que?" pergunto-me, mas parece que a resposta nunca chega, portanto hoje constatei que raiva é tão forte e essencial quanto o amor.
Raiva é o sentimento que move as revoluções. Sentimento das massas. Sentimento que acomete tanto os doutores das leis quanto os plebeus que as seguem. Creio que se continuarmos com esse sentimentalismo insosso de "vamos mudar o mundo com paz" o mundo nuca vai ser mudado. A própria sabedoria popular já diz isso em um de seus ditados: "É preciso ficar ruim pra depois melhorar".
A única grande questão é que a raiva cega. Enquanto se está de punhos cerrados é impossível se sentir o aroma das primaveras, a beleza das estrelas e a candura do orvalho e das brisas que tocam nossa pele nos trazendo bons agouros e um leve refresco pras alguras do calor. Quando estamos com raiva brilhamos como o sol. O sol queima, apaga as sutilezas que só são vistas através da escuridão e da falta de sentidos. O sol encobre as coisas das quais precisamos abrir mão de nossos costumes para enxergar. O sol mostra apenas o que está visível, apenas a dura crosta que consegue suportar seu calor infernal.
Porém sem calor não há vida. O mesmo calor que torra a flor indefesa e a torna apenas um pequeno borrão preto é o que purifica o ouro e faz surgir dentre a sujeira e as adjacências impuras da nossa mãe terra uma pedra de brilho e valor imensuráveis.
Talvez seja por isso que muitas vezes a raiva se torna o sentimento mais puro do ser humano. Raiva é algo que já passou por muitas brasas, algo que traz para os que toparam sentir toda sua dor inebriante uma bonanza inestimável após esse maremoto de hormônios, e que faz com que todos que compartilham de um mesmo voto se unam e tornem seu brado mais forte.
Deve ser por isso também que amor engana e prega tantas peças. O amor é como a noite, traz para a vida o brilho das coisas que o sol apaga, mas também faz com que nossos sentidos se apaguem, nos fazendo guiar apenas por nossa própria força.
Ninguém consegue fugir do sol, assim como nem ele resistiu aos encantos da lua. Viver é uma delícia...
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